INTERSECCIONALIDADE:

CONCEITO PARA ENTENDER A VIOLÊNCIA QUE AFLIGE A MULHER E O JOVEM NEGRO.

Autores

  • Maria Arlinda de Assis Menezes IF BAIANO

DOI:

https://doi.org/10.63052/revistaolhares.v1i13.115

Palavras-chave:

Violência. Mulher negra. Jovem negro. Interseccionalidade. Direitos humanos.

Resumo

O presente trabalho propõe-se a uma análise sobre as diferentes violências que atingem as mulheres, em especial as mulheres negras, estabelecendo uma relação de interseccionalidade com a morte precoce dos jovens negros, de áreas periféricas e de baixo poder aquisitivo, no Brasil. Tal análise se funda na crença de que esses fenômenos se retroalimentam. Para tal, utilizou-se amplamente da legislação brasileira, de documentos que abordam a violência em números e de experiências que buscaram minimizar tais problemas, ainda sem resultados significativos. No Brasil, a mortalidade e outras formas de violências contra as mulheres só avançam. A cada dia são, em média, 135 estupros e 12 mortes de mulheres, os feminicídios, segundo a legislação mais atual. Pensar essas questões e torná-las visíveis são imperativos para que a sociedade possa acordar e se unir em prol de ações que vão desde a quebra de paradigmas estruturados no machismo ao entendimento de que essas violências são questões de saúde pública. O Brasil vem sangrando sangue negro há mais de quatro séculos. Trata também dos números da violência que assolam a parcela jovem da população, as estruturas históricas que permitem a perpetuação desse cenário, à luz da abordagem com enfoque em direitos humanos. Avalia a importância da difusão da informação como instrumental para empoderar os cidadãos à respeito de serem eles detentores de direitos com vistas a alteração desse cenário. Em 1980, 52,9% da população jovem morreu por causas externas. Em 1996, esse percentual elevou-se para 67,4% das causas das mortes. Nesse primeiro momento do estudo, ainda não se diferenciava essa parcela da população pela etnia. A variável utilizada era a idade. Em 2014 os estudos para o Mapa da Violência ganharam outra dimensão. Tornaram-se mais amplos, pois acrescentaram a parcela da população dos 15 aos 29 anos de idade e considerou a questão racial nesse debate. É possível identificar que os homicídios são hoje a principal causa de morte de jovens de 15 a 29 anos no Brasil, e atingem especialmente jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. Dados do SIM/Datasus do Ministério da Saúde mostram que mais da metade dos 56.337 mortos por homicídios, em 2012, no Brasil, eram jovens (30.072, equivalente a 53,37%), dos quais 77,0% negros (pretos e pardos) e 93,30% do sexo masculino.

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Biografia do Autor

Maria Arlinda de Assis Menezes, IF BAIANO

Pós-doutorado pela Universidade Federal da Bahia - Programa de Pós- Graduação em Difusão do Conhecimento (DMMDC). Doutorado em Desenvolvimento Regional e Urbano. Universidade Salvador, UNIFACS, Brasil. Mestrado em Desenvolvimento Regional e Urbano. Universidade Salvador, UNIFACS, Brasil. Pós-Doutorado em Universidade Federal da Bahia, UFBA, Brasil. Professora do IF BAIANO. [email protected]

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Publicado

2024-04-23

Como Citar

DE ASSIS MENEZES, M. A. INTERSECCIONALIDADE: : CONCEITO PARA ENTENDER A VIOLÊNCIA QUE AFLIGE A MULHER E O JOVEM NEGRO. Revista Olhares, Salvador, Brasil, v. 1, n. 13, p. 19–32, 2024. DOI: 10.63052/revistaolhares.v1i13.115. Disponível em: https://publicacoes.unijorge.edu.br/revistaolhares/article/view/115. Acesso em: 27 jul. 2024.

Edição

Seção

Artigos